TEORIA DO MERCADO
Quando se pensa em mercado, parece normalmente a
mente a ideia de um lugar cheio de
gente comprando e vendendo frutas, vegetais,
roupas, utensílios domésticos e outros bens.
Uma loja ou um supermercado ou ainda um
hipermercado são alguns exemplos de
mercado. Pode-se dar o exemplo de uma bolsa de
valores.
Como se pode depreender, pensar a partir de
exemplos de mercado podemos alistar desde
um simples exemplo de um mercado de frutas e
verduras para mais altos e complexos
exemplos de mercado de trabalho ou mercado
internacional de divisas.
Entretanto, importa não perdermos de vista a
prática de trocas vem desde os tempos
antanhos que consistiam de um bem por outro
diferenciando-se no seu valor de uso que
são as conhecidas trocas directas ou simplesmente
economia de escambo, resultantes da
então incipiente divisão de trabalho com
limitadas alternativas de troca dado ao nível de
desenvolvimento da sociedade. Aliás, matéria que
voltaremos a falar quando estivermos a
analisar a origem histórica da moeda.
Constata-se a partir do acima exposto que o nível
de desenvolvimento do mercado está
directamente relacionado com as capacidades
produtivas do próprio Homem, na
perspectiva da divisão do trabalho e
especialização e do volume de bens produzidos na
sociedade.
Entretanto, embora estejamos perante a evidência
de existirem países mais ricos que
outros, os recursos da economia são limitados.
Quando é assim é necessário fazer escolhas
e para isso cada economia precisa de um mecanismo
para responder às perguntas
fundamentais:
1. Quais os bens e serviços a produzir (como
escolhemos entre as alternativas
representadas pela curva de possibilidades de
produção)
2. Como produzir estes bens e serviços?
3. Para quem produzir os bens e serviços? Uma vez
prontos os bens a quem distribuílos.
Há hoje, em teoria económica duas maneiras de
obter respostas a estas perguntas. A
primeira é pelo mecanismo de mão invisível de
Adam Smith. Caso os indivíduos tenham
liberdade completa na escolha o padeiro, o
cervejeiro e outros produzirão o pão, a cerveja
para as refeições. Resumindo, o mercado dará as
respostas às três perguntas.
A segunda, como o amigo estudante deve estar a
advinhar é utilizar o Estado e sua máquina
administrativa.
Para o presente caso nos interessa a primeira
alternativa e para tanto precisamos saber
definir. Deste último ponto, nota-se que a
economia é tão complexa que necessita de um
mecanismo para manter a ordem para colocar as
coisas no lugar certo e evitar que todo o
açúcar vá para Nampula e todo o sal vá para
Manica e todo o sabão vá para Inhambane.
Então o mercado é este mecanismo que mantém a
ordem.
Pode-se começar a definir mercado como o meio
através do qual, compradores e
vendedores interagem e onde transacções ocorrem.
Refinando o conceito diria-se que
Mercado é um lugar real e/ou económico de
encontro entre produtores (vendedores) e
consumidores (compradores).
Retenhamo-nos às duas palavras sublinhadas lugar real é aquele em que vis-a-vis, tête-àtête
compradores e vendedores discutem o preço do
produto, o preço de um vestido ou
camisa numa loja, o preço de uma dúzia de ovos no
mercado central ou do Xipamanine ou
ainda Dumbanengues, Txungamoios e nos Kwatchenas.
Enquanto lugar económico, afasta-se conceptualmente de um lugar físico em
particular
em que os agentes económicos não precisam de ver
e nem sequer se conhecer, estamos a
falar das operações de importação e exportação
(lugar virtual) em que o importador é
comprador e o exportador é o vendedor,
intermediados pelas respectivas instituições
financeiras ou ligados por uma terminal de um
computador.
Este lugar, distingue-se de qualquer outro lugar
pelas seguintes características:
· A existência da procura e da oferta, elementos básicos para a existência e
funcionamento do mercado. Mas normalmente e na
vida corrente é mais do que isso,
são importantes os dealers dispostos a fazer o mercado (que juntam compradores
e
vendedores).
· Funcionamento livre do mercado que pressupõe a liberdade de escolha dos
agentes
económicos condicionados pelos seus diferentes
factores que mais adiante se verá,
sempre perseguindo os seus objectivos
individuais.
· Não obstante a liberdade indicada no ponto anterior, o mercado deve ter
regras de
conduta e regulamentos a observar de como deve
funcionar o mercado assim como
deve haver disponibilidade de informação de forma
a que todos os operadores do
mercado saibam o que se está a passar.
Constata-se que num mercado, o preço desempenha
duas funções essenciais e interrelacionacionadas
que evitam situações caóticas de todo o sal parar
em Manica e sabão em
Inhambane, como no nosso exemplo:
Introdução a
Economia
Adelino Jeque
Pimpão 48
1. O preço dá informação
2. O preço dá incentivos
Note-se que no caso em que todo o açúcar vai
parar em Tete, os beirenses, por exemplo,
estariam desesperados e prontos a pagar um preço
alto para obter um pouco do precioso
produto da cana sacarina e da beterraba. Este
preço alto é um sinal que indica aos
comerciantes que na Beira há compradores
insatisfeitos.
Mas igualmente o preço lhes daria um incentivo
para mandar o açúcar para Beira.
Verifique-se que os agentes económicos que fazem
o mercado existir e funcionar são
compostos por dois grupos. O primeiro é de
compradores ou consumidores que consistem
em indivíduos que procuram ou compram bens e
serviços, assim como empresas que
compram o trabalho, capital e matérias-primas necessários
para a produção de bens e
serviços.
O segundo é dos vendedores que inclui empresas
que vendem os bens e serviços que
produzem e indivíduos que vendem a sua força de
trabalho, assim como proprietários de
recursos que vendem os seus recursos naturais
como petróleo, ferro e outros.
Numa situação simples de mercado, encontramos a
interacção entre compradores e
vendedores, enquanto mais complexo for o mercado,
opera-se a emergência de outros
agentes, como correctores, dealers, intermediários, informadores de mercado, cuja
função é
assegurar que o mercado funcione na base de
marcação de preços, fornecendo informação
e aproximando vendedores e compradores.
Outro elemento importante do mercado é o papel
dos preços que fornecem sinais através
dos quais compradores e vendedores interagem.
Para os compradores, o preço dá-lhes a
informação sobre a disponibilidade de bens e
serviços no mercado e sua base tomar
decisões sobre o quê e que quantidades adquirir.
Por outro lado, para os vendedores usam a mesma
informação para decidir sobre o quê e
que quantidades vender. Como se pode
constatar, os preços prestam uma informação
muito importante
visando melhorar o processo de tomada de decisões de mercado.
Contudo, é importante que o estudante entenda que
não existe uma decisão coordenada do
lado dos vendedores e compradores ou por outras
palavras, não existe uma direcção
consciente relativamente ao funcionamento do
mercado. Cada operador do mercado actua
sozinho e não como parte de um plano centralizado
ou previamente combinado entre as
partes.
Esta ideia traz consigo a abordagem iniciada no
século xviii do laissez-faire que é uma
expressão francesa (deixar fazer) recomendando a
não intervenção do governo no
funcionamento do mercado.
Nos nossos dias tal ideia é traduzida no sentido
de que a economia funciona melhor quando
ela é livre da intervenção do governo e as
decisões económicas são determinadas pelo
mercado, tal como o cientista austríaco Joseph
Schumpeter numa das suas frases preferidas
gostava de dizer: o padrão económico é a matriz da lógica.
Finalmente, é importante notar que estudamos a
teoria de mercado porque é neste onde se
opera o processo através do qual as decisões
económicas são tomadas, embora não seja o
único.
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