NECESSIDADES HUMANAS NA ECONOMIA
Caro estudante, agora vamos estudar as
necessidades humanas? Sede, fome, nudez, falta
de habitação, etc. O que terão em comum?
A actividade económica assenta nas necessidades
definidas de desejos de dispor de um
meio (bens e serviços), para acabar ou diminuir
uma sensação desagradável ou
aumentar uma sensação agradável. São, portanto,
as diferentes espécies de
necessidades que fazem surgir a actividade
económica (produção de bens e serviços)
uma vez que a natureza não oferece
espontaneamente toda a possibilidade de satisfazêlas
sem esforço do próprio homem.
O homem, em cada momento, é forçado a encontrar
um certo tipo de bens que
satisfaçam as suas necessidades. A vontade de
satisfazer tais necessidades é que o
obrigam a trabalhar para produzir bens e
serviços.
Os indivíduos para se manterem vivos precisam de
se alimentar, vestir, de se defender,
viver em sociedade, etc. Então quando eles não
têm tais bens sentem algumas sensações
desagradáveis e assim são compelidos a procurar
formas para supri-las ou então
atenuá-las. A essas sensações se designam por necessidades.
As necessidades, além de serem infinitas, são
múltiplas e evidentemente muito diferentes.
Da sua diversidade resulta pois a sua
classificação. Existem na verdade várias abordagens
sobre como agrupar e ou classificar os diferentes
tipos de necessidades. Contudo,
Julgamos que a classificação proposta por
«Maslow» pode explicar e servir de base de
entendimento acerca desta matéria. Portanto, de
acordo com «Maslow» as necessidades
dividem-se em 5 níveis, da base para o topo:
· Necessidades fisiológicas referem se a alimentação, abrigo, repouso, ar
etc;
· Necessidades de segurança dizem respeito à protecção contra o perigo ou
privação, ou seja, contra a violência, a doença,
a guerra, a pobreza, etc;
· Necessidades sociais têm que ver com a afeição, a inclusão nos grupos,
a aceitação
e aprovação pelos outros;
· Necessidades de estima englobam a reputação, o reconhecimento,
auto-respeito,
admiração;
· Necessidades de auto-realização referem-se à realização do potencial de cada
indivíduo, à utilização plena dos seus talentos.
Introdução a
Economia
Adelino Jeque
Pimpão 17
Sendo diferentes e variadas as necessidades, pela
sua diversidade resultam as que são
classificáveis pela sua origem em dois tipos:
a) Biológicas, as que derivam da natureza do corpo humano (ex:
necessidade de
alimentação mínima para sobreviver, sede,
protecção relativamente aos fenómenos
naturais, etc). A decisão de satisfação deste
tipo de necessidades não deriva da
<consciência> do homem, é uma decisão
forçada pelas exigências do próprio corpo
humano.
b) Condicionadas, são as originadas pelos prazeres anteriormente
sentidos ou vívidos,
experimentados. (ex: para quem já esteve em Paris
de férias desejará voltar novamente
para lá, nas próximas férias). Ou então por
prazer ainda não vividos, mas já ouvidos,
criando assim um certo interesse de
experimentá-las também. Derivam as consciências
do próprio homem.
As curiosidades, a esperança de obter um certo
objectivo ou bem, cria aquilo que se
pode denominar de necessidades condicionadas.
Tem sempre havido algumas discussões sobre aquilo
que são consideradas de
necessidades fundamentais e de luxo ou
supérfluas, porém, tais distinções contêm um
juízo de ordem pessoal e moral para cada tipo de
indivíduo, mas também se reconhece
um lado objectivo que é o grau de crescimento e
desenvolvimento de uma determinada
economia.
Notemos, por exemplo, numa determinada economia,
uma viatura pode ser um bem de
luxo enquanto para uma outra, a mesma necessidade
é fundamental. Um televisor pode
ser luxo para outra é fundamental. A necessidade
de ter um telefone em casa para
algumas sociedades é uma necessidade primária
para outras é luxo até demais.
É importante notar que alguns autores defendem
que a capacidade que uma
determinada economia tem de ir satisfazendo as
necessidades dos seus habitantes,
determina o grau e consideração do tipo de
necessidades.
2) Quanto a importância, classificam-se em:
a) Primárias são aquelas cuja satisfação deverá ocorrer
imediatamente, não podendo
ser adiadas por muito tempo sob o risco de perder
a vida. A satisfação destas
necessidades é de carácter prioritário e estão
associadas as necessidades de origem
biológica; e,
b) Secundárias são aquelas cuja satisfação pode ser adiada por
algum tempo, podendo
ser satisfeita num plano secundário.
O homem nunca é capaz de satisfazer completamente
as suas necessidades, pois, a
satisfação de uma, cria outra necessidade,
tornando-as infinitas no tempo. Quando ele
satisfaz uma dada necessidade, surge
imediatamente uma outra, dai se afirme que a
satisfação de uma necessidade ou de um desejo não
é mais do que um passo em
direcção a nova necessidade.
(3) Quanto ao número de indivíduo que as
sentem:
a) Sendo individuais as sentidas somente por uma pessoa e em separado,
não
implicando necessariamente que as outras pessoas
estejam a sentir o mesmo. Cada
indivíduo tem necessidades próprias, geralmente
não há, necessidades exactamente
iguais entre os indivíduos. Cada indivíduo tem
sua escala de preferência, e é a partir
desta, que cada qual efectua a sua escolha de
bens para a respectiva satisfação.
b) As Colectivas são sentidas por um certo grupo, por uma família,
ou por mais de uma
pessoa. São o caso da falta das chuvas para
camponeses. É verdade que elas
correspondem as procuras ou desejos de diferentes
pessoas, só que elas são sentidas
por um grupo ou então em colectividade e em
simultâneo, como é o exemplo de quando
as donas de casa vão fazer as compras para a
família, estas não as fazem segundo as
Introdução a
Economia
Adelino Jeque
Pimpão 19
suas escalas de preferências mas sim aquilo que
consideram ser as necessidades de
toda a sua família.
4) Quanto ao custo estas dividem-se em:
a) Económicos, aquelas cuja satisfação exige algum custo
financeiro (vestuário, pão,
transporte etc), ou seja as que os meios para a
satisfação deverão ser adquiridos no
mercado pois, detém algum valor de troca; e
b) Não económicas
são aquelas que podem ser
satisfeitas sem incorrer em custo
nenhum, como é o caso de cansaço satisfeito com o
sono, necessidade de respiração, etc.
Resumidamente, pode-se dizer que as necessidades apresentam, entre outras, as
seguintes características:
As necessidades representam um estado de
carência, significando que somente
se
sente uma necessidade quando se tem uma sensação
de carência do bem ou serviço.
Perante um consumo contínuo de um certo bem se
torna impossível sentir as
necessidades do mesmo bem, antes pelo contrário,
as pessoas procuram deixá-lo
passando a preferir outro bem de que se dispõe no
momento, pelo que são saciáveis.
São também acompanhadas, pois, para qualquer que se seja a necessidade
existe
sempre algum meio ou forma de satisfaze-la, pelo
que cada necessidade é acompanhada
por um meio para a sua satisfação. Porém, o
alcance de tal meio depende do poder
económico e financeiro de cada indivíduo.
O sentimento de que as necessidades variam de
pessoa para pessoa, pois o que é básico
para uns, pode não o ser para outros, logo, as
necessidades assumem a característica de
serem relativas.
A forma como sentimento se manifesta é diferente
de pessoa para pessoa. Pode-se
também sentir várias necessidades em simultâneo,
daí que elas são múltiplas, isto
porque são ilimitadas em número.
A cada momento do desenvolvimento manifestam-se
novas necessidades que não existiam
anteriormente, consciente ou mesmo
inconscientemente. As necessidades supérfluas de
ontem tornam-se, muitas vezes, hoje fundamentais.
A diminuição de uma necessidade à medida que esta
vai sendo satisfeita é objecto de uma
“lei” chamada “lei da saturação das necessidades”- é a lei económica segundo a qual à
medida que uma necessidade é satisfeita, diminui
progressivamente até tornar – se nula.
O decréscimo do prazer a cada nova satisfação ou
saturação pela repetição torna-se
também objecto de uma ‘lei’ chamada “lei da repetição”.
Sem comentários: