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MODELOS DE FUNCIONAENTO DA ECONOMIA



Teoricamente, existem dois modelos fundamentais e extremos de organização económica, a
saber:
1. O mecanismo de mercado,
2. A economia de planificação centralizada; e de permeio
3. A economia mista
Constitui nosso interesse, nesta secção, analisar quais os revestimentos importantes que
teoricamente, caracterizam estas duas formas de orientação da economia e fazer uma
avaliação da aplicabilidade prática destes conceitos.
1.1. O MECANISMO DE MERCADO
Comecemos por ver, afinal o que será o mecanismo de mercado (ou comummente conhecido
como economia de mercado) que não é mais que aquilo que o famoso economista americano e
prémio Nobel da economia, Paul Samuelson, definiu como sendo, a forma de organização
económica na qual os consumidores e as empresas, agindo individualmente, interagem através
dos mercados para determinar preço e a quantidade desse bem, dando resposta aos cinco
problemas da organização económica: o que produzir, como produzir, para quem produzir,
quando produzir e onde produzir.
Pode-se constatar a partir da definição acima que o papel do Estado é comparado ao simples
árbitro jogo de futebol, por exemplo, que se limita a corrigir e penalizar infracções de
jogadores sem nunca participar no jogo, muito menos influenciar os resultados directa ou
indirectamente.
Em teoria, neste tipo de modelo, os agentes económicos encontram-se no mercado e mediante
o mecanismo de procura e oferta todos os problemas são resolvidos. O Estado é um simples
assistente, guardião das liberdades individuais e da propriedade privada perante a lei das
velhas máximas de deixa fazer e deixa andar do francês laissez faire et laissez passer, uma
situação de completa não interferência estatal.
Aqui a ideia reinante é da mão invisível escrita pelo pai da economia Adam Smith no seu livro
a riqueza das nações que dizia “cada indivíduo tenta aplicar o seu capital de maneira que ele
renda o mais possível. Geralmente o indivíduo não tem em vista a melhoria do interesse geral e
nem sabe em que medida é que o está a promover, procurando somente a sua própria segurança,
o seu ganho pessoal. Ele é conduzido, deste modo, por uma mão invisível, na promoção de um fim
que não fazia parte das suas intenções iniciais. Na prossecução dos seus interesses, o indivíduo
está frequentemente, a beneficiar a sociedade de um modo mais eficaz do que quando pretende
fazê-lo, intencionalmente.”
Aqui funciona um sistema de preços e mercado. Sem um centro directivo, a economia de
mercado é capaz de resolver os problemas das sociedades. Portanto, as decisões sobre preço e
a afectação de recursos que são escassos são feitas pelo critério de mercado.
Assim o mercado é tido como um processo em que compradores e vendedores de um bem
interagem para determinar o preço e a quantidade desse bem.
Neste sistema, cada mercadoria e cada serviço têm um preço, incluindo os diferentes tipos de
trabalho humano.
Ninguém o inventou, constitui uma evolução e está em franca transformação e mostra uma
capacidade de auto-superação e de sobrevivência na luta contra os modelos alternativos de
organização.
Para Adam Smith no seu livro a Riqueza das nações enuncia "...cada indivíduo, perseguindo
apenas, egoisticamente, o interesse pessoal, é levado como que por uma mão invisível, a realizar
o melhor para todos (sociedades)..."
1.2. ECONOMIA CENTRALMENTE PLANIFICADA
O outro modelo alternativo de mercado, teoricamente como se viu, é a economia centralmente
planificada. Antes de se avançar é importa reter a definição sistematizada deste modelo como
sendo aquele no qual a oferta de recursos é determinada pelos governos, obrigando os
indivíduos e as empresas a seguirem os planos económicos do Estado. (In Economia 12 a
edição pág.50).
Aqui voltando ao exemplo do árbitro, poder-se-ia dizer que, neste modelo, ele aparece com
figura não só é guardião das liberdades individuais e da propriedade privada perante a lei das
velhas máximas de deixa fazer e deixa andar de treinador mas, acima de tudo ele o Estado
(Governo) indica aos agentes económicos o que fazer, como fazer e para quem fazer. Portanto,
ele aparece com papel duplo de árbitro, mas ao mesmo tempo como jogador.
A situação de Moçambique nos anos passados (1975-1986) pode muito bem servir de
exemplo, por aproximação. Pois, é com directivas do plano que os agentes económicos
trabalhavam, os preços são indicados centralmente, usando critérios que não eram de procura
e oferta, a afectação dos recursos tinha como base de fundo prioridades definidas pelo
Governo central.
Neste modelo a iniciativa privada, no mínimo, é relegada para o plano secundário ou, no
máximo, necessária no momento de consultas populares com o objectivo de melhorar o plano
reorientar prioridades quando necessário.
Portanto, o Governo central aparece como figura imprescindível na organização da economia
e sine qua non, é possível uma afectação racional dos recursos e na solução dos cinco
problemas fundamentais atrás referenciados.
1.3. ECONOMIA MISTA
O estudante pode notar, que, desde início, foi-se enfatizando que estes modelos existem
teoricamente, pois na prática encontramos um bocado de intervenção do governo central e
por outro, também a iniciativa privada, através do livre jogo de procura e oferta, as chamadas
economias mistas.
Portanto, isto quer dizer que o actual conceito de economia de mercado pouco tem a ver com
o conceito clássico anteriormente definido, dado que encerra certo intervencionismo estatal
na economia e é sobre ele que nos vamos debruçar a seguir.
Na realidade, a perfeição que se deixa transparecer no princípio da mão invisível tem tido
falhas.
Ora vejamos, só para elucidar ao estudante: actividades económicas que afectam as zonas
envolventes do espaço do mercado, por exemplo, a poluição do ar ou quando uma fabrica
emana para o ambiente, fumos que afectam a população local e as propriedades - constatamos
que o dono da fabrica perseguindo interesses pessoais acaba colidindo com os interesses da
sociedade.
Outro aspecto a notar é que nessas economias, sabendo que o consumo depende em grande
parte do rendimento das pessoais conseguindo através do trabalho, o que sucede é que
aparecem pessoais sem emprego, o que afecta sobremaneira o seu padrão de consumo.
Para resolver este problema e outros o estado intervém no mercado para conseguir três
objectivos:
A) EQUIDADE
O gato de um indivíduo rico pode beber o leite que uma criança pobre necessitaria para se
manter viva e saudável. Será que isso acontece por problema da procura e oferta?
Portanto, uma sociedade não tem que aceitar as consequências do mercado como se de lei
divina se tratasse, assim o Estado é chamado, pois ele é único capaz de estabelecer políticas
redistributivas para se manter mediante acções sociais como subsídios de desemprego,
pensões de reforma, subsídios de segurança social, tentando minorar/eliminar a pobreza.
B) ESTABILIDADE:
O Estado dedica-se também a função macroeconómica de garantir a estabilidade da economia,
tentando evitar vagas periódicas inflacionistas (subida de preços) e a recessão que conduz ao
desemprego muito elevado e diminuição da produção e, por conseguinte, provoca subida de
preços e depreciação da moeda.
C) EFICIÊNCIA:
Vimos que as economias são afectadas por falhas de mercado que procura ineficiência na
produção como pode ser no consumo, cabendo ao Estado a responsabilidade de corrigir tais
defeitos do mercado.
Não obstante, importa mencionar aqui, que por vezes o Estado na tentativa de corrigir tais
falhas, agrava a situação.
Exemplos de correcções feitas pelo Estado das falhas do mercado podem ser citados os casos
de proibição da formação de cartéis o caso das leis antitrust, actualmente vigentes nos Estados
Unidos, a autorização de entrada de mais rádios televisões, linhas áreas, instituições de ensino
privadas em Moçambique.
Podemos concluir o tema em jeito de remate como o fez Paul Samuelson "... Ambas as partes -
mercado e estado - são necessárias. Fazer funcionar uma economia apenas com uma delas é
como tentar bater as palmas com uma mão".

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